quarta-feira, 30 de setembro de 2009

ENEM: TÁ CHEGANDO A HORA

O site de educação da UOL preparou uma relação de temas, filmes e outros assuntos que podem com toda a certeza ser explorados pelo ENEM.
Boa Prova.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A QUESTÃO ALEMÃ: DO BLOQUEIO À QUEDA DO MURO

O bloqueio de Berlim

Stalin, por sua vez, reagiu à ofensiva. Em 1947 promoveu a criação do Kominform, organismo destinado a unificar a ação dos partidos comunistas e dos governos do Leste europeu sob sua direção, naturalmente. Dois anos depois procurou criar uma versão própria do Plano Marshall através do Comecon, conselho planejado para incrementar o auxílio econômico mútuo entre os países do bloco comunista. A consolidação de sua presença no Leste europeu dependia apenas da solução a ser encontrada para a Alemanha.Em 1948, após três anos de seguidos desentendimentos sobre o destino a ser dado ao pais, os soviéticos determinaram um bloqueio a Berlim, que ficava dentro de sua zona de ocupação, mas também estava dividida. Três quartos da antiga capital alemã - a parte ocidental - ainda estavam sob domínio das forças britânicas, francesas e norte-americanas. Com o bloqueio, Berlim Ocidental passou a receber apoio e suprimentos através de um corredor aéreo, uma linha de comunicação por avião montada especialmente para isso.A crise, que elevou perigosamente a temperatura das relações entre os Estados Unidos e a União Soviética, acabou resultando na divisão da Alemanha em dois países, em 1949: República Federal da Alemanha, sob controle norte-americano, e República Democrática Alemã, sob controle soviético. À semelhança do meridiano de Greenwich, que divide o globo terrestre e marca os fusos horários, a linha que agora dividia o mundo capitalista do mundo comunista passava por cima do antigo território alemão. E a divisão da Alemanha transformou-se no símbolo mais forte da impossibilidade de acordo entre Estados Unidos e União Soviética.O mundo saíra da Segunda Guerra Mundial dividido em dois. Restava apenas esperar que a crescente oposição entre os dois lados não resultasse em uma nova guerra. Os norte-americanos, de qualquer maneira, acreditavam que seu poderio bélico - conquistado através da posse isolada da bomba atômica - afastaria os soviéticos de um confronto direto. Pelo menos do ponto de vista militar, o Ocidente estava bem defendido.O ano de 1949, contudo, reservava uma última surpresa. No início de setembro, Harry Truman foi informado de que a União Soviética acabara de realizar com êxito um teste nuclear no deserto do Cazaquistão, próximo à cidade de Semipalatinsk. A novidade deixou o presidente perplexo: estava encerrado o monopólio nuclear norte-americano. Os soviéticos também dispunham da bomba atômica.A notícia fechava a equação da guerra fria. O mundo do segundo pós-guerra era dominado por duas superpotências rivais e absolutamente incompatíveis. Estava claro que um lado não se sentiria totalmente satisfeito a menos que obtivesse a rendição incondicional do outro. Mas ambos possuíam armas nucleares, o que significava que um confronto entre eles poderia levar o planeta a um desastre de proporções globais. Era nesse terreno literalmente explosivo que a humanidade deveria caminhar nas décadas seguintes.

A construção do muro

Já na madrugada de sábado para o domingo, dia 13 de agosto de 1961, surpresa na notícia de que o tráfego de trens entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental fora suspenso.O fato, porém, só ficou claro quando o dia amanheceu. A República Democrática Alemã (RDA) dera início à construção de um muro entre as duas partes de Berlim, cortando o acesso de 16 milhões de alemães ao Ocidente. "A fronteira em que nos encontramos, com a arma nas mãos, não é apenas uma fronteira entre um país e outro. É a fronteira entre o passado e o presente", era a interpretação ideológica do governo alemão-oriental.A RDA via-se com razão ameaçada em sua existência. Cerca de 2 mil fugas diárias tinham sido registradas, ou seja, 150 mil desde o começo do ano e mais de 2 milhões desde que fora criado o Estado socialista alemão. Um muro de 155 quilômetros de extensão que interrompia estradas e linhas férreas e separava famílias.Ainda dois meses antes, Walter Ulbricht, chefe de Estado e do partido, desmentira boatos de que o governo estaria planejando fechar a fronteira: "Não tenho conhecimento de um plano desses, já que os operários da construção estão ocupados levantando casas e toda a sua mão-de-obra é necessária para isso. Ninguém tenciona construir um muro".Nos bastidores, porém, corriam os preparativos, sob a coordenação de Erich Honecker e com a autorização da União Soviética. Guardas da fronteira e batalhões fiéis ao politburo encarregaram-se da tarefa. Honecker não tinha a menor dúvida: "Com a construção da muralha antifascista, a situação na Europa fica estabilizada e a paz, salvaguardada".As potências ocidentais protestaram, mas nada fizeram. Para os berlinenses de ambos os lados da fronteira, a brutalidade do muro passou a fazer parte do cotidiano. Apenas 11 dias após a construção, morreu pela primeira vez um alemão-oriental abatido a tiros durante tentativa de fuga.

A queda do muro de Berlim

Nenhum outro acontecimento marcaria tão emblemática e simbolicamente a virtual desintegração do antigo bloco comunista, ou teria tanta influência sobre os movimentos no Leste europeu, quanto o processo que levou à queda do muro de Berlim, em 1989. Construído em 1961 para separar os setores oriental e ocidental da cidade para isolar, na realidade, o setor comunista do setor não comunista -, o famoso muro havia se tornado o maior símbolo do controle soviético sobre os países do Leste europeu. Como que enclaustrados no setor comunista da cidade, centenas de pessoas tentaram, ao longo de quase três décadas, achar uma maneira de fugir para o setor ocidental. Os fugitivos procuravam superar as muitas barreiras constituídas pelo muro - que contava, entre outras coisas, com cercas eletrificadas, valetas antitanque e policiamento permanente. A maior parte deles acabou eletrocutada ou fuzilada.Em setembro de 1989, entretanto, a Hungria abriu suas fronteiras com a Áustria, criando um novo roteiro de fuga da Alemanha Oriental. Milhares de alemães orientais passaram a sair de seu país em direção à Alemanha Ocidental, atravessando nesse caminho a Hungria e a Áustria. Além disso, como em outros países do Leste europeu, também na Alemanha Oriental uma onda crescente de protestos populares passou a ocorrer. Esgotado pelas manifestações e pela repercussão da emigração em massa, o governo do país finalmente determinou a derrubada do muro, em novembro de 1989. Verdadeiras multidões afluíram a Berlim e fizeram do acontecimento uma enorme festa, transmitida pela TV para todo o mundo. A queda da barreira preparava terreno para uma medida ainda mais radical, que viria pouco tempo depois - a reunificação alemã, sob a liderança da Alemanha Ocidental.

ELEMENTOS PARA A PROVA DO 3o ANO - APLICAÇÃO

Observem com atenção que acabamos de postar uma síntese organizada sobre a Guerra Fria abordando os principais elementos que utilizaremos em nossa prova.
Esta postagem se faz acompanhar de outra onde os autores a quem recorremos procuram produzir uma avaliação sobre os 'mitos da Guerra Fria' acompanhado de uma pequena discusão ideológica.
Chamamos também atenção para o texto sobre 'Persepolis', filme que foi projetado em sala de aula após os esclarecimentos sobre a questão iraniana, desde o processo de descolonização, abordando o nacionalismo e finalmente a questão da Revolução Islâmica e a idealização do radicalismo com ressureição do Estado Teocrático na história.
Para auxiliar a entender a questão da Alemanha e do muro adicionaremos mais um trabalho que pode servir de apoio para a prova.

GUERRA FRIA: TEXTO PARA LEITURA DE APROFUNDAMENTO

Como já foi acentuado no texto básico, o tema da Guerra Fria é bastante polémico, havendo diferentes interpretações do fenómeno por parte dos especialistas. Não é propósito, aqui, retomar as questões referentes à periodização da Guerra Fria. Optou-se por tecer algumas considerações relativas principalmente a três aspectos, que se considera de maior importância: os chamados "mitos" da Guerra Fria, a questão da propaganda e, sobretudo, a questão da Guerra Fria vista na ótica de um país do Terceiro Mundo, assunto que normalmente é descuidado, o que contribui para a manutenção dos mitos.Quando se refere aos mitos da Guerra Fria, está-se pensando como o historiador Isaac Deutscher que, numa palestra feita nos Estados Unidos, procurou alertar o seu público para urnas tantas questões relativas às origens da Guerra Fria. Nesta palestra, ele procurava mostrar como a propaganda deliberadamente fazia crer aos habitantes do Ocidente que a União Soviética representava uma terrível ameaça para as instituições democráticas do mundo livre.Basicamente, Deutscher apontava para quatro mitos:

1) o da superioridade da URSS;
2) o de que a URSS jamais alcançaria os EUA no tocante ao desenvolvimento tecnológico (especialmente o da energia nuclear);
3) o de que toda revolta ou revolução que aconteça no Terceiro Mundo na realidade é incentivada por Moscou;
4) o de que o bloco socialista constituía um monolito indestrutível.

O primeiro mito, segundo Deutscher, é fundamental para a compreensão das origens da Guerra Fria. Tratava-se de mostrar que, após a II Guerra, EUA e URSS emergiam como dois colossos. No entanto, nota ele, esta afirmativa só teria sentido para os EUA, uma vez que a URSS saiu da guerra com uma situação dramática: cerca de 20 milhões de russos haviam morrido, o país estava arrasado, sua economia em condições precárias. Até mesmo seu exército fora rapidamente desmobilizado. Portanto, a grande questão que se levanta é: teria a URSS condições e vontade de dominar alguma outra região do planeta? É altamente discutível. As únicas regiões da Europa oriental que Stalin ocupou, na realidade foram objeto de tratados assinados com o presidente norte-americano e o primeiro-ministro inglês, nasconferências efetuadas no final da guerra. Os soviéticos não moveram uma palha para ajudar os comunistas gregos e turcos, porque já haviam combinado naquelas conferências que aquelas regiões seriam de hegemonia britânica.No entanto, como diz Deutscher,
"pouco após o fim da guerra, a imagem do colosso russo, de um colosso maligno, voltado para a conquista e dominação mundiais, assombrou a mente do povo do Ocidente, e não apenas a do povo". (DEUTSCHER, Isaac. Ironias da História - Ensaios sobre o comunismo contemporâneo. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira. 1968, pp. 178-9.)
O segundo mito, ainda na opinião do mesmo autor, chega ao ridículo de desconhecer os avanços dos soviéticos no campo tecnológico. Dizia-se que os americanos teriam o monopólio da bomba atómica por muitas décadas; no entanto, em 1949, os soviéticos conseguiam fazer explodir a sua bomba.
"Mais tarde ainda, garantiram-nos que, embora ela (a URSS) pudesse ter um grande número de bombas atómicas, certamente não seria capaz de fabricar bombas-H. E quando isso provou estar errado, os peritos sustentaram que, embora os russos possuíssem as ogivas nucleares, não tinham nem teriam meios de enviá-las de modo a poder atingir o continente americano. Supunha-se que os mísseis balísticos intercontinentais estavam além do alcance da tecnologia russa. Por mais de doze anos, até que o primeiro Sputnik irrompeu no espaço exterior, em 1957, a guerra fria foi sustentada na presunção de uma absoluta e indiscutível superioridade americana em todos os campos da tecnologia." (DEUTSCHER, op.cit., p. 187.)
O terceiro mito é desmontado por Deutscher quando afirma que os movimentos rebeldes ou revolucionários que ocorrem no Terceiro Mundo possuem causas bem específicas, quais sejam a miséria e a degradação da vida a que são submetidos esses povos, e de que querer fazer crer que Moscou é a responsável por essas revoltas é simplesmente ridículo.Finalmente, com relação ao quarto mito, uma simples olhada para o bloco socialista mostra como é falsa essa ideia do monolitismo. A Iugoslávia rompeu com a URSS logo após a Segunda Guerra; a China, quando fez a sua revolução (1949), em pouco tempo se indispôs com os soviéticos. São apenas alguns exemplos, que mostram de forma categórica, que o aumento do número de países socialistas não significou o fortalecimento desse bloco. O bloco não é monolítico, uma vez que as suas rachaduras são bem visíveis.
Ora, todos esses mitos que Deutscher aponta e desmonta, serviram como base de uma intensa propaganda que justificou a Guerra Fria em seus momentos iniciais.A propaganda, aliás, foi uma das armas mais poderosas nesse conflito. Pelo fato de residir no Brasil, país que sempre se manteve ligado ao bloco capitalista, a única propaganda que aqui chegava era a dos EUA. E ela aparecia de forma extremamente diversificada: sob a capa de filmes, desenhos animados etc. O Super-Homem, o Capitão América, entre outros, eram os eternos defensores do Bem, da Verdade, da Justiça, da Democracia, E, curiosamente, suas roupas nada mais eram do que a bandeira norte-americana testilizada...
Quanto ao terceiro tema que se escolheu para discussão, acredita-se que talvez seja o mais significativo, uma vez que os habitantes do Terceiro Mundo, eram, desde 1946, obrigados a optar por um ou outro dos blocos em disputa. Mas será que haveria mesmo uma grande disputa entre eles? Alguns autores pensam que não, mas acreditam que tanto para os norte-americanos quanto para os soviéticos, era muito conveniente continuar a utilizar a ideologia da Guerra Fria. Veja-se, por exemplo, o que diz Noam Chomsky:
"As formas como os ideólogos das duas superpotências descrevem o sistema não é totalmente falsa. Uma propaganda efetiva não pode ser inteiramente falsa. Mas, por outro lado, a verdade real do sistema é completamente diferente. (...)O fato básico e crucial, que nunca é demais repetir, é que o sistema da Guerra Fria é altamente funcional para as superpotências, e é por isso que ele persiste, apesar da probabilidade de mútua aniquilação no caso de uma falha acidental, que ocorrerá mais cedo ou mais tarde.
A Guerra Fria fornece um arcabouço onde cada uma das superpotências pode usar a força e a violência para controlar seus próprios domínios contra os que buscam um grau de independência no interior dos blocos — apelando à ameaça da superpotência inimiga, para mobilizar sua própria população e a de seus aliados." (CHOMSKY, Noam. Armas Estratégicas, Guerra Fria e Terceiro Mundo. In: THOMPSON, Edward. Exterminismo e Guerra Fria. São Paulo, Brasiliense, 1985, p. 190.)
Em outras palavras, Chomsky quer dizer que, para os norte-americanos e soviéticos, foi muito conveniente utilizar a ideologia da Guerra Fria, pois ela garantiu a justificativa para suas agressões a países do Terceiro Mundo. Seria ridículo acreditar que a Nicarágua ameaçava os EUA. Mas... se os americanos apregoassem que, por trás dos sandinistas estavam os soviéticos, eles garantiam moralmente, perante a humanidde, o seu direito de agredir aquele pequeno país. A mesma coisa acontecia com o outro lado: era ridículo pensar-se que o Afeganistão ameaçasse a URSS. Mas ela pôde invadi-lo, alegando que os norte-americanos estavam presentes e, desta forma, os afegãos se tornavam uma ameaça para os soviéticos...
Em suma: a ideologia da Guerra Fria nada mais fez do que contribuir para manter a dominação sobre os países do Terceiro Mundo. E é isto que precisa ser pensado quando se reflete sobre esse conflito.
(in Ricardo, Flávio e Ademar)

GUERRA FRIA: TÓPICOS PARA PROVA DO 3o

GUERRA FRIA
in Ademar, Flávio & Ricardo


Terminada a II Guerra Mundial, em 1945, a situação política mundial iria conhecer novos rumos, em virtude do afastamento dos países europeus da condição de grandes potências, e, especialmente, do surgimento de duas "superpotências": os Estados Unidos e a União Soviética. Esta bipolarização iria trazer profundos desdobramentos, entre os quais se destaca a Guerra Fria.Costuma-se conceituar Guerra Fria como um conflito "diferente" dos conflitos tradicionais, uma vez que os dois principais contendores não se enfrentam diretamente, do ponto de vista militar. Esse novo confronto, quando chega à situação de envolvimento bélico, ocorre sempre em outros países, principalmente os do Terceiro Mundo. Todos sabem que um conflito aberto envolvendo as duas super­potências equivale hoje a colocar um ponto final na História, pois não haveria a menor possibilidade de alguém sobreviver a uma guerra nuclear.Quando se analisam as origens da Guerra Fria, percebe-se com muita clareza o envolvimento inglês e norte-americano na construção de um discurso que procurava mostrar os perigos do expansionismo soviético. Apontava-se para a Europa Oriental como o exemplo mais palpável desse expansionismo, uma vez que os soviéticos haviam ocupado aquela região durante a Guerra Mundial e se recusavam a abandoná-la. No texto de aprofundamento se discutirá um pouco mais estes "mitos" da Guerra Fria.Há uma certa discordância entre os autores no que se refere à periodização do conflito. Para muitos, a Guerra Fria já é um assunto do passado, uma vez que teria se desenrolado no final dos anos 40 e nos anos 50. Já no final da década de 50, justificam eles, as relações EUA/URSS passam a ser comandadas pela ideologia da "Coexistência Pacífica" e, posteriormente, da "Détente". E, nos dias de hoje, já não se poderia falar em bipolarização, uma vez que novas forças emergiram e o quadro das relações internacionais modificou-se substancialmente. Para outros autores, a Guerra Fria perpassa todo esse período, do final da segunda Guerra Mundial aos dias de hoje, uma vez que consideram o período da "Coexistência Pacífica" e da "Détente" como simples fases do conflito, sendo que nos anos 80 ter-se-ia a fase da "Nova Guerra Fria".

Os Anos 40/50: a Guerra Fria "Clássica"

a) No dia 5 de março de 1946, o ex-primeiro-ministro inglês Churchil, em visita aos Estados Unidos, fez um discurso na cidade de Fulton, tendo ao seu lado o presidente Truman, dos Estados Unidos. Nesse discurso, conclamou os norte-americanos a fornecerem ajuda económica e militar à Grécia e à Turquia, cujos governos estavam às voltas com uma luta interna contra o Partido Comunista. Alertava ele para o perigo que representava para o "mundo livre"essa expansão do comunismo.
b) Em resposta a esse discurso e em atenção aos seus próprios interesses, o presidente Trumam elaborou, em 1947, uma Mensagem ao Congresso que ficou conhecida como Doutrina Truman. Nesta Mensagem, Truman solicitava aos de­putados a concessão de ajuda económica e militar aos governos grego e turco. Havia se sensibilizado pelo apelo de Churchül. A Doutrina Truman, na realidade, estava oficialmente declarando a Guerra Fria.
c) A partir do momento em que a Guerra Fria passava a existir, dentro dos planos norte-americanos de contenção do expansionismo soviético, seria extrema­mente importante cuidar da reconstrução da Europa. Isto será proposto pelo general George Marshall e aceito pelo governo dos Estados Unidos. Milhões de dólares serão despejados na Europa Ocidental, com o objetivo de permitir uma recuperação rápida, para fazer frente aos soviéticos. É importante lembrar que tal ajuda foi oferecida também aos países da Europa Oriental, sendo que Stalin proibiu-os de aceitarem. Somente a lugoslávia desobedeceu às instruções de Stalin, gerando o primeiro rompimento dentro do bloco socialista. O presidente Tito, da lugoslávia, aceitou a ajuda norte-americana, mantendo-se, no entanto, socialista.
d) Para conter os soviéticos não bastava a ajuda económica. Era necessário, ainda, ter um braço armado. E isto aconteceu com a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em abril de 1949. A OTAN é uma organização militar, reunindo os países da Europa Ocidental, os EUA e o Canadá, com objetivos "defensivos".
e) Os soviéticos reagiram a todas essas tentativas de contenção. Os países da Europa Oriental foram "sovietizados", em resposta à tentativa dos Estados Unidos de fornecer ajuda económica a eles. Nos primeiros tempos, após a Segunda Guerra, os governos desses países ainda reuniam elementos dos antigos partidos burgueses e camponeses. Os Partidos Comunistas não eram, geralmente, muito poderosos. No entanto, à medida em que as pressões norte-americanas começaram a se tornar mais efetivas, todos os partidos foram dissolvidos, instituindo-se regimes de partido único, coletivização forçada das terras. Reorganizou-se também o Comité de Informação dos Partidos Comunistas e Operários (KOMINFORM) e criou-se o Pacto de Varsóvia, aliança militar dos países da Europa Oriental e da URSS.
f) Uma das regiões mais explosivas nesse primeiro momento de tensão entre o bloco capitalista e o socialista foi a Alemanha. Terminada a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em quatro setores, ocupados pêlos soviéticos, norte-americanos, ingleses e franceses. A cidade de Berlim, antiga capital alemã, ficou também dividida em quatro setores, posteriormente transformados em dois. Em 1948, quando se discutiam as questões relativas à criação de uma nova moeda para a Alemanha, o problema de Berlim tornou-se agudo e os soviéticos iniciaram o bloqueio da cidade, tentando impedir o abastecimento do setor oeste. No entanto, uma ponte aérea organizada pêlos americanos e ingleses conseguiu abastecer a cidade, determinando, algum tempo depois, a retirada do bloqueio. Logo em seguida, os soviéticos criaram a República Democrática Alemã (RDA), enquanto os setores americano, inglês e francês foram transformados na República Federal da Alemanha, capitalista.
g) Dentro dos EUA, o clima de histeria anti-comunista teve seu ponto máximo com a campanha desenvolvida pelo senador Eugene McCarthy, para extirpar os elementos comunistas da sociedade norte-americana. Incontáveis prisões e perseguições foram efetuadas, inclusive nos meios artísticos (Charles Chapim, o Carlitos, foi uma das mais famosas vítimas). A onda de histeria era alimentada com novos acontecimentos: a URSS explodia suas primeiras armas nucleares, a China fazia a sua revolução, aderindo também ao socialismo. A verdadeira paranóia que se instalou nos EUA só teve seu fim quando o senador McCarthy passou a acusar elementos das forças armadas como comunistas. Em 1954 ele foi condenado pelo Congresso por suas atividades, caindo em descrédito.
h) Um dos momentos mais tensos dessa primeira fase foi a Guerra da Coreia (1950-53). Após a II Guerra Mundial, a Coreia fora dividida em duas áreas de influência: o Norte, sob controle comunista e apoiado pela URSS e o Sul, apoiado pêlos EUA. De acordo com decisão da ONU, deveria haver a reunificação do país após eleições gerais. No entanto, conflitos fronteiriços a partir de 1950 levaram a uma guerra entre as duas partes, com envolvimento decisivo dós Estados Unidos apoiando a Coreia do Sul, enquanto os soviéticos e chineses deram apoio ao Norte. Os conflitos se prolongaram até 1953, quando foi firmado um armistício, confirman­do a divisão da Coreia, situação que ainda hoje permanece.
i) O fim dessa primeira fase é assinalado com a crise dos mísseis soviéticos em Cuba. A revolução Cubana ocorrera em 1959, passando a ilha para o bloco socialista. Aviões de espionagem dos Estados Unidos descobriram que estavam sendo instaladas rampas de lançamento de mísseis, levando o presidente Kennedy a ordenar o bloqueio de Cuba pela marinha norte-americana, e a imediata retirada dos mísseis, sob pena de invasão. Os soviéticos optaram por atender à imposição, mas garantindo, por outro lado, que os americanos não tentariam mais a derrubada de Fidel Castro. Retirados os mísseis, o bloqueio foi desfeito. Mas essa crise mostrou que a política de enfrentamento entre as duas superpotências poderia levar a desdobramentos inimagináveis. Já de algum tempo a liderança soviética vinha acenando com a ideia da "coexistência pacífica" e alguma coisa será feita neste sentido: instala-se o "telefone vermelho" ligando a Casa Branca ao Kremlin; pensa-se em cooperação tecnológico-espacial. É o fim de uma etapa.

Os Anos 60/70: Coexistência Pacífica e Détente.

A ideia de Coexistência Pacífica foi expressa por Nikita Kruschev, que sucedeu a Stalin. Partia do pressuposto que a luta entre os dois sistemas deveria ser travada prioritariamente no campo econômico e não no campo bélico. Nos anos 60 essa tese foi encampada pêlos norte-americanos, passando a configurar as novas relações entre os dois países. Para alguns autores, isso significa que a Guerra Fria terminou; para outros, trata-se apenas de mais uma etapa do conflito. Estes esforços de aproximação e de atitudes não-beligerantes, no entanto, serviram para encobrir um dos maiores massacres do século XX: a guerra do Vietnã, que se estendeu também ao Laos e ao Camboja.Nos anos 70, já com novos dirigentes (Brejhnev na URSS e Nixon, nos EUA), as relações entre as duas superpotências entraram num clima de Détente (distensão). O mundo se modificara de forma extremamente significativa desde o início da Guerra Fria. Havia um dado importante: no conflito entre a China e a URSS os americanos procuraram aproximar-se dos chineses. Para isso era necessário acabar com a Guerra do Vietnã, o que foi feito em 1972. A aproximação entre americanos e chineses tinha objetivos bem claros a nível das relações internacionais, uma vez que obrigava a URSS a encarar a China como potencial inimigo, talvez mais perigoso que os EUA.Com a ascensão do governo Cárter, nos EUA, esta política continuou a ser utilizada, mas, no final dos anos 70, uma série de crises localizadas (principalmente com a ascensão do Aiatolá Khomeini, no Ira, em substituição ao Xá Reza Pahlevi, tradicional aliado dos americanos) praticamente "congelou" a Détente.É importante realçar que o enfrentamento entre as duas superpotências não cessara, uma vez que podia ser facilmente detectado nas lutas de independência de Angola e Moçambique, no apoio norte-americano a Israel, por exemplo. Mas o "congelamento" da Détente tornou-se muito claro quando da invasão do Afeganistão pelas tropas soviéticas, em 1979. Em represália a esta invasão, fartamente denunciada pela imprensa ocidental, os norte-americanos resolveram boicotar as Olimpíadas de 1980, que se realizaram em Moscou, numa nítida atitude de protesto. Na esteira do descontentamento que tomou conta da sociedade norte-americana com as indecisões do governo Cárter (principalmente no que se refere à prisão de norte-americanos pêlos iranianos), uma onda conservadora levou à vitória de Ronald Reagan nas eleições presidenciais. Com ele, um novo discurso truculento e agressivo em relação à URSS, passou a ser desenvolvido, gerando o que alguns autores denominam de "nova guerra fria".

Os Anos 80: a "Nova" Guerra Fria.

O novo presidente dos EUA havia se destacado na época do Macarthismo como um elemento que, sendo ator de cinema, contribuiu para denunciar ao FBI uma série de colegas de profissão. Alçado agora à presidência da maior potência militar e económica do mundo, Reagan desferiu violentos discursos contra os "satânicos" comunistas e mostrou-se disposto a enfrentá-los novamente. Isto pôde ser percebido facilmente na ajuda económica e militar aos rebeldes afegãos e , principalmente, na América Central, com a verdadeira cruzada contra a Nicarágua e os sandinistas, que haviam tirado o ditador Somoza do poder (diga-se, de passagem, que Somoza sempre fora apoiado pêlos norte-americanos). Um verdadeiro cerco à Nicarágua foi feito, inclusive com o apoio financeiro aos "contras", isto é, àqueles elementos que, com base nos países vizinhos à Nicarágua, tentam derrubar o governo sandinista. A invasão da ilha de Granada teve efeito evidente de demonstração do poderio norte-americano, servindo como um aviso para os nicaragüenses.No entanto, a surpresa maior ficou por conta da ascensão de Mikhail Gorbachev na URSS e sua política de Glasnost, associada à Perestroika. O fato é que, devido às novas propostas do dirigente soviético, interessado em reduzir os orçamentos militares para atender aos imperativos do desenvolvimento económico, os americanos foram pegos de surpresa com as propostas de destruição de mísseis e desarmamento estabelecidas por Gorbachev.Os novos tratados assinados em 1987 reduziram muito pouco os arsenais das duas potências, mas foram um primeiro passo significativo no sentido de permitir um entendimento maior.Na sequência do desenvolvimento das reformas implementadas por Gorbachev, rufram os governos da Europa Oriental, o Muro de Berlim foi derrubado, as duas Alemanhas se unificaram: em suma, o quadro ideológico existente na Europa Oriental e que justificava a existência da Guerra Fria, deixou de existir.Podemos, portanto, falar que a Guerra Fria terminou. A década de 90 se iniciou com modificações sensíveis, que fizeram com que o conflito Leste X Oeste começasse a se tomar algo do passado.Alguns problemas permanecem ainda sem solução, como por exemplo, o que fazer da OTAN. Ela não é mais necessária, visto que o Pacto de Varsóvia desintegrou-se. A permanência de tropas americanas na Alemanha também tor­nou-se desnecessária. Mas, sobretudo, o que tem preocupado sobremaneira é o destino do arsenal atómico da ex-URSS.
Com a desintegração da União Soviética, ocorre uma disputa entre as novas repúblicas para saber quem ficará de posse desse arsenal. Enquanto isso, correm notícias de que artefatos nucleares têm sido vendidos a diversos países, o que pode aumentar o risco de conflitos, particularmente na região do Oriente Médio, que já é um local bastante conturbado.

domingo, 6 de setembro de 2009

QUADRINHOS NO VESTIBULAR?


Quando nos antecipamos em sala-de-aula afirmando que o longa-metragem baseado nos quadrinhos de Marjane Satrapi, Persépolis, seria essencial para um vestibular, em uma época atribulada com a discussão dos costumes islâmicos. Estávamos prevendo com antecedência as questões a serem discutidas sobre a questão palestina, islâmica e sobre o quadro iraniano.O longa-metragem "Persépolis", baseado nos quadrinhos da iraniana Marjane Satrapi, faz parte da lista de filmes obrigatórios para o vestibular 2010 do curso de direito da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.O filme faz uma versão animada da biografia da autora, que passou a infância no Irã e a adolescência na Europa. A série de quadrinhos foi lançada no Brasil pela Companhia das Letras, primeiro em quatro volumes, depois encadernada.Clique no 'you tube' de nossa página para ver segmentos da animação.